image Essa postagem vai ter spoiler, depressão e coisas do gênero. Se você não se sentir confortável, pule para a próxima postagem. image

No sábado, 12 de Outubro, briguei com a minha mãe - outra vez. Achei, por inocência minha, que dessa vez seria diferente, que ela iria me ouvir. Ao invés disso me senti atacada, até porque eu fui! Verbalmente, o que parece ser cem vezes pior. Chorei muito e ainda não consigo falar com ela. A casa só não está num total silêncio graças a Alice, minha filha de um ano e dez meses. Mesmo não saindo pétalas de rosas e glitter pelo teto, isso deixa a casa um pouco mais confortável. Ainda sim, não estou me alimento bem e nem dormindo direito. Mal tiro o pijama e ser mãe da Alice está cada vez mais difícil.

Sempre senti que a minha progenitora não me amava. Ela não foi tão ruim assim no final das contas, mas faltou amor. Um pouco de paciência e talvez gentileza. Ou talvez seja eu o problema, já que o maior sentimento que tenho por ela desde os seis anos é medo.

Alguns acham que eu sou só uma mimada e que nunca dei valor para o amor que tinha em casa. Mas a real é que nunca me senti livre, nunca pude fazer minhas escolhas sozinha e nunca fui ensinada para fazer quando chegasse a hora. Talvez isso explica eu ser tão imprudente. Não pude escolher o curso da faculdade, nem querer continuar na fanfarra da escola - coisa que eu amava fazer. Não podia ir na casa de amigos direito e ninguém pode entrar em casa sem que ela esteja.

Não existe amizade e nem confiança. Privacidade nunca passou pela casa.

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No domingo, 13 de Outubro, me dei ao luxo de ir assistir Joker. Um filme que todos estão recomendo por se tratar de um dos maiores vilões do Batman, de uma forma totalmente diferente vista nos HQs, filmes, séries, etc.

"Um filme com ênfase no drama social e psicológico de um personagem com doença mental que sofre diariamente o desprezo de uma sociedade fria, hipócrita e egoísta. É um filme para adultos, disfarçado de um filme de super heróis. Ou seja, não espere que seja mais um filme de HQ.
Focando apenas na questão social, acho que a maior lição do filme é você se dar conta que a nossa sociedade está sendo construída com base em valores ruins. E nós inconscientemente estamos reforçando esses valores ruins, no momento que somos incapazes de ter empatia pelo sofrimento alheio" - Comentário de alguém que não conheço.

Achei que não me faria mal. Ou pelo menos que não me deixaria tão pensativa quanto ao fato de me ver numa tela de cinema. Sai meio deprimida e achando que todos tem potencial para se tornar um Coringa, inclusive eu. O quanto de porrada da vida nós aguentamos? Ou melhor, das pessoas. O quanto ser invisível e desprezado é aceitável para se manter são? Precisar de ajuda e perceber que quem te ajuda não quer te ajudar de verdade. Arthur Fleck mostra que além de ninguém se importar com ele desde a infância, tiram a pouca ajuda que ele tem na fase adulta. Por ter problemas mentais ele é tradado como louco, e no final é a máscara que ele usa.

No filme todo eu apenas sorri quando Gary pede ajuda a Arthur para abrir a porta. Um leve sorriso para ser mais exata. Ali eu vi que tratar todos bem é um bom caminho para se manter vivo. E apenas duas cenas me deixou de boca aberta literalmente: quando Arthur mata Randall a tesouradas e quando mata Murray Franklin com um tiro na cabeça ao vivo no programa do mesmo. Eu fiquei um pouco assustada, e confesso que agora achei ótima as minhas reações perante a essas mortes - por mais que eu ache que o Randall merecesse morrer, foi assustador. E tudo que o Arthur, ou melhor, o Coringa fala para Murray antes de matar ele, ainda ecoa na minha cabeça.

A cena em que Arthur conversa com a assistente social pela última vez, é cena que eu mais me senti no dentro do filme.


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Na segunda-feira, 14 de Outubro, acordei com a notícia que a cantora e atriz Sulli estava morta.

Sulli, meu anjinho, eu sei que você aguentou o máximo que deu. Não foi fácil e você nunca mereceu o ódio que veio dessas pessoas hipócritas. Sua morte foi a volta da chave para deixar minha semana ruim. Eu te amo e sei que o que você fez foi por paz, eu entendo e espero que tenha conseguido. Eles conseguiram te calar por agora, mas sei que você voltará de outras formas para continuar o seu legado. Cuide do menino Jonghyun e diga que eu sei que ele nunca quis fazer os outros chorarem. Diga a ele que eu tinha acabado de ter minha filha, que meus hormônios ainda não tinham voltado ao normal e por isso eu sempre chorava ao ouvir o nome dele. Ainda choro, e agora choro ao ouvir o seu também, muito mais do que pensei que choraria algum dia por você.
Me desculpe por faltar!

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postado por Nat às 23:59 • 21 outubro 2019 • 1 Comentário/s